Diversas perguntas e preocupações surgem todos os dias em função das rápidas mudanças que atingem o contexto global nos últimas 30 meses, quando estourou a Pandemia Covid-19.
Mas algumas perguntas se sobressaem, com particular destaque e intensidade, para nós pesquisadores e professores de programas de pós graduação em administração e negócios internacionais. Por exemplo, como as empresas, inseridas em diversas cadeias globais de valor, deveriam gerenciar e lidar com os movimentos de disrupção e reconfiguração dessas cadeias?
Se o contexto atual representa desafios específicos por seu caráter disruptivo, as empresas precisam pensar em novos modelos cognitivos para absorver a dinâmica das mudanças?
E, finalmente, é o momento de pensar em novos modelos de negócios e novos paradigmas de estratégias corporativas para gerenciar tal ambiente de incertezas e riscos crescentes?
Não tenho respostas a todas essas questões. As mudanças em cursos são ainda difíceis de entender e captar a sua dinâmica e trajetória. Diversas variáveis e fatores influenciam este contexto das quais entendemos os impactos de algumas, mas, outras ainda não conseguimos entender o tamanho de suas repercussões.
Por isso, proponho distinguir entre dois conjuntos de variáveis.
O primeiro conjunto de variáveis se refere ao chamado: Known Unknowns. São as variáveis que conhecemos, mas não somos capazes ainda de mensurar o tamanho e intensidade de suas repercussões.
Neste grupo posso incluir as seguintes variáveis: a formação das cadeias de valor. Se tais cadeias continuam operando numa dimensão global ou devem sofrer uma reconfiguração espacial. Por exemplo, cadeias que se tornam mais regionais, em vez, de globais. Para ser mais específico, a produção de automóveis ou de têxteis, por exemplo, deverá continuar operando numa esfera global, ou tenderá a organizar cadeias regionalizadas de produção e distribuição dos bens e serviços desses setores?
O segundo grupo de variáveis que classifico como: Unknwon unkown. O desconhecido desconhecido.
Não são palavras confusas. São termos que remetem a uma situação muito particular, na qual não sabemos que variáveis serão determinantes no entendimento das mudanças e, tão pouco, entendemos os seus efeitos.
Para exemplificar tal situação, me refiro, por exemplo, a procurar entender os fatores que afetam a dinâmica da pandemia e a migração para a economia digital. É difícil sistematizar num modelo geral todas as variáveis que afetam tal contexto, e, ainda mais difícil, medir os efeitos de todas elas sobre o futuro das estratégias corporativas e modelos de negócios. Isso que chamo de Unknown Unknown.
Embora são perguntas que suscitam outras mais complexas ainda, entendo que é preciso definir as perguntas pertinentes para poder proceder ao desenvolvimento de respostas na altura das mudanças.
Apenas uma reflexão que me parece pertinente e importante salientar. Neste contexto de mudanças disruptivas, embora possuímos capacidades e instrumentos já comprovados para captar as mudanças de contexto, é preciso mergulhar e navegar neste contexto de forma criativa para aprender com sua lógica e racionalidade. Ou seja, é preciso construir e adequar os nossos sistemas cognitivos praticando estratégias criativas para desenvolver novas capacidades. Entendo que é um momento de aprendizagem sobre um contexto que evolui mais rapidamente que nossa capacidade de responder aos seus desafios e paradoxos. Portanto, nada substitui a necessidade de definir caminhos estratégicos para aprender com tais movimentos globais e inseri-los numa trajetória de construção de novos paradigmas de competitividade.
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