Dentre esses fatores impulsionadores da inovação, um que emergiu como fundamental é o que chamamos de “lado humano da gestão da inovação”. O lado humano da gestão da inovação concentra-se em liderar e organizar as pessoas que estão realizando empreendimentos inovadores nas organizações (Weiss, Baer & Hoegl, 2022). Afinal, são as pessoas que individualmente ou em grupo fazem uso de sua criatividade, gerando ideias para novos produtos e serviços.

Neste contexto, o Work-Life Balance (WLB) tornou-se um tema de interesse acadêmico, empresarial, político e social. O equilíbrio entre trabalho e vida pessoal pode ser visto como um grande desafio para os líderes, mas também, como fonte de vantagem competitiva (Kossek et al., 2018). A literatura aponta que empresas criativas e inovadoras oferecem alternativas para equilibrar a vida pessoal e profissional dos funcionários, uma vez que o WLB é essencial para o desenvolvimento da aprendizagem e da inovação. A aprendizagem necessita de um ambiente de comunicação aberto, que pode ser interrompido por conflitos de interesse entre trabalho e vida pessoal. Trabalhadores fatigados e estressados podem não se comunicar com os colegas de forma eficaz.

O estudo do o Work-Life Balance ganhou maior relevância durante o período da pandemia de COVID-19. Transformações organizacionais abruptas para enfrentar a pandemia resultaram em diversas mudanças na vida das pessoas como o trabalho home office, a dependência de tecnologias, o aumento do isolamento social, em - que casa e trabalho se misturam - gerando mais tensão profissional e estresse. Tais choques e crises ameaçam a saúde, a segurança e as perspectivas profissionais das pessoas.

Além disso, estamos vivenciando profundas mudanças nos locais de trabalho, que envolvem novas tecnologias como realidade virtual, inteligência artificial, ou novas ferramentas de comunicação e colaboração. Essas tecnologias digitais e sua implementação nas organizações estão mudando a maneira como as pessoas trabalham. Tais mudanças exigem novos conhecimentos sobre quais determinantes influenciam a criatividade e a inovação dos funcionários.

Assim, uma melhor compreensão do lado humano da inovação pode ajudar a alavancar as novas tecnologias digitais para atividades inovadoras. Portanto, é essencial que as respostas gerenciais para manter e construir capacidades organizacionais para inovar considerem o lado humano da gestão da inovação. Embora as profundas mudanças introduzidas pelo COVID-19 apresentem alguns desafios significativos para os gerentes, também oferecem oportunidades significativas para os pesquisadores.

Profº. Dr. Giancarlo Gomes


Referências

Brenton, B., D. Levin. 2012. “The Softer Side of Innovation: The People.” Journal of Product Innovation Management 29(3): 364– 6. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1540-5885.2012.00910.x

Kossek, E. E., & Lautsch, B. A. (2018). Work–life flexibility for whom? Occupational status and work–life inequality in upper, middle, and lower-level jobs. Academy of Management Annals, 12(1), 5-36. DOI: https://doi.org/10.5465/annals.2016.0059

Weiss, M., Baer, M., & Hoegl, M. (2022). The human side of innovation management: Bridging the divide between the fields of innovation management and organizational behavior. Journal of Product Innovation Management, 39(3), 283-291. https://doi.org/10.1111/jpim.12624