Recentemente,
fui incluído em uma discussão sobre o Quiet Quitting no LinkedIn, um tópico que
tem recebido crescente destaque, especialmente quando a conversa aborda
alternâncias profissionais e o comprometimento dos colaboradores. Assunto
interessante, faz pensar.
O
termo Quiet Quitting foi iniciamente introduzido em 2009, pelo economista Mark
Boldger no Simpósio de Economia da Texas A&M, Yikilmaz (2022), e se
refere a uma forma de saída silenciosa de uma empresa, em que um funcionário
deixa a organização sem fazer alarde ou sem fornecer uma razão explícita para
sua partida. Em vez disso, ele apena para de comparecer ao trabalho
sem avisar, ou então entrega sua renúncia sem explicar os motivos (Zenger &
Folkman, 2022).
O Quiet Quitting é um fenômeno cada vez
mais prevalente no mundo dos negócios e ainda que possa haver abordagens
diferentes para ele, os autores convergem para o entendimento que ele pode
indicar problemas estruturais internos nas organizações, como engajamento (Formica
& Sfodera, 2022), cujo estudo indica que 50% ou mais da força de trabalho
dos EUA é representada por desistentes silenciosos, cultura
organizacional e liderança (Zenger & Folkmann,
2022).
Em anos recentes o "desligamento
silencioso" cresceu, até pelos impactos da pandemia. Muitos parecem que
passaram a se questionar a respeito das razões de se trabalhar tanto sem
compensações equivalentes, e optaram por sair, seguindo uma tendência
impulsionada pelas características dos trabalhadores mais jovens, os GenZ e os
Millennials, na onda Great Resignation.
Uma outra forma de se entender o Quiet
Quitting é considerando a situação de milhões de trabalhadores que estão
enfrentando uma queda real no salário, num contexto de constantes
restrições orçamentárias e layoffs. Dessa forma, também é
oportuno considerar que passamos por um período de pandemia
e lockdowns, com carga de trabalho crescente, estresse e possíveis
danos à saúde mental, ao mesmo tempo que ocorreu queda no poder aquisitivo. O
resultado disso pode ser a desistência, silenciosa ou não (Hüffmeier,
J., & Zacher, 2021; Parker & Horowitz, 2022)
Dessa forma, não parece estranho que
muitos acabem por comparar sua percepção de contribuição com o que estão
obtendo nas organizações, e passem a diminuir o ritmo de trabalho ou
até mesmo procurar novas colocações profissionais. Por que dar mais do que o
mínimo para uma empresa que não consegue recompensá-los? Então, muitos
podem desistir ou, simplesmente, cumprir seus deveres restritamente de acordo
com a descrição de trabalho, mas sem ir além (DeSmet et al., 2021; Parker &
Horowitz, 2022).
Em resumo, o Quiet Quitting parece
indicar problemas nas organizações e que podem resultar em impacto
negativo na equipe e na moral dos funcionários remanescentes. A
situação tem influência tanto nos funcionários, quanto nas organizações, que
repentinamente podem perder força de trabalho qualificada.
Zenger e Folkman (2022) indicam
possibilidades a serem consideradas para sanar esse fenômeno,
portanto: investir em lideranças e na cultura organizacional, ouvir os
funcionários, valorizá-los e apreciá-los adequadamente, fornecer oportunidades
de desenvolvimento e crescimento profissional e oferecer programas de
recompensa e reconhecimento. Ações positivas nessas áreas ajudarão a prevenir o
Quiet Quitting e a construir equipes fortes e engajadas, pelo menos essa é a
promessa.
- E você, se identificou com algum
conteúdo do texto? Gostaria de estudar o tema em profundidade, no Mestrado em Administração PPGAd FURB?
Até mais,
Prof.
Dr. Júlio Cesar Lopes de Souza.
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