Pesquisa FURB explora relação entre proteção de dados pessoais e percepção dos usuários sobre qualidade regulatória
Estudo analisa como a confiança nas leis de proteção de dados influencia o comportamento dos usuários na internet
A proteção de dados pessoais no ambiente digital é uma preocupação crescente entre usuários, empresas e governos. Nos últimos anos, diversos países vêm adotando mecanismos de regulação para preservar a privacidade online. Mas será que a confiança nessas regulamentações realmente influencia o comportamento das pessoas na internet?
Foi essa a pergunta que guiou uma pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Regional de Blumenau (PPGAd/FURB). O estudo foi conduzido por Karina Klitzke Gasda, Mestre em Administração, sob orientação da professora Cynthia Quadros, Doutora em Desenvolvimento Regional.
Quando a percepção sobre as leis é positiva, o comportamento muda
A pesquisa revelou que a percepção dos usuários sobre a qualidade das regulamentações adotadas em seus países influencia diretamente o nível de preocupação com os dados pessoais. Em especial, os usuários que consideram essas leis eficazes tendem a adotar posturas mais cautelosas – como recusar cookies e evitar o rastreamento durante a navegação online.
Dados de 43 países foram analisados
Para investigar a relação entre comportamento e regulação, a pesquisadora analisou dados de 43 países a partir de dois relatórios internacionais divulgados em 2023: o Worldwide Governance Indicators e o Digital Global Overview Report.
O comportamento dos usuários foi medido com base em três práticas principais:
- Uso de extensões para bloquear anúncios;
- Recusa de cookies, que impede o monitoramento durante a navegação;
- Uso de VPNs (Redes Privadas Virtuais), que garantem navegação anônima e acesso a conteúdos restritos por região.
Além disso, os relatórios forneceram dados sobre a percepção da população quanto à qualidade das regulamentações e à eficiência governamental.
O que os resultados mostram?
A análise revelou padrões interessantes:
- A recusa de cookies esteve associada a uma maior preocupação com a privacidade e melhor percepção das leis de proteção de dados;
- Usuários que utilizam VPNs tendem a ter menor preocupação com dados pessoais e percepção mais negativa das regulamentações;
- O uso de bloqueadores de anúncios não demonstrou relação significativa com os fatores analisados;
- A eficiência governamental também afeta a percepção da qualidade regulatória, influenciando o comportamento dos usuários.
Para a pesquisadora, os resultados indicam que políticas públicas eficazes e bem comunicadas têm potencial para aumentar a confiança das pessoas, promovendo comportamentos mais seguros no ambiente digital.
Privacidade de dados e o olhar do marketing
Além do interesse acadêmico, o tema da pesquisa tem forte conexão com a trajetória profissional de Karina, que atua como coordenadora de marketing analytics em uma instituição financeira. Segundo ela:
“Trabalho com marketing há mais de 15 anos e a privacidade de dados afetou muito as campanhas de performance. Antes, faríamos campanhas muito mais personalizadas se tivéssemos acesso a determinados dados. Quando conversei com minha orientadora, quis unir essa dor de mercado com outra área que gosto muito, que é política.”
Um alerta sobre os riscos e a desinformação
Apesar de avanços, a pesquisadora aponta que ainda há muita desinformação sobre o tema e comportamentos de risco são comuns, como clicar em links desconhecidos ou reutilizar senhas simples em várias plataformas.
Ela observa que, embora as pessoas estejam mais conscientes, ainda não está claro se isso se deve às novas políticas ou à forma como a mídia aborda o tema.
Dados podem gerar experiências melhores (quando usados com responsabilidade)
Karina também destaca que o uso responsável dos dados pode ser benéfico tanto para usuários quanto para empresas.
“As pessoas não querem mais ver anúncios porque eles não falam com o que elas realmente precisam. Se você recebesse anúncios de coisas que está procurando, provavelmente não se incomodaria tanto. O problema é que estamos sendo bombardeados por conteúdos irrelevantes.”
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